A assunção do fracasso é um exercício que se afigura impossível para uma personalidade narcísica e arrogante como a de José Sócrates. Depois de, à revelia do Presidente da República, do Parlamento, dos parceiros sociais e do povo, ter apresentado um novo pacote de medidas de austeridade ao burocratas de Bruxelas, é evidente que Sócrates deseja ardentemente uma crise política. E por isso já anunciou, antevendo eleições antecipadas, que se recandidatará ao cargo de PM. Resta saber, após as críticas tecidas por Mário Soares e Carrilho entre outros, se o PS apoiará esse seu desiderato. Com um ar entre o compungido e o ultrajado, Sócrates tentou convencer quem escutava o seu discurso televisivo da passada segunda-feira que os novos sacríficios exigidos serão em prol da Nação porquanto são a única forma de evitar o recurso a ajuda externa. Na verdade, há muito que Sócrates e Teixeira dos Santos mendigam ajudam aos nossos parceiros europeus, em especial à Sra. Merkel. E há muito que as medidas draconianas do FMI estão sendo aplicadas pelo Governo sem, todavia, obterem os resultados esperados. Ao invés disso, os sucessivos PEC (um por trimestre) asfixiaram ainda mais uma economia já de si atrofiada.
As desventuras de Pinócrates |
Seja como for, nas próximas eleições legislativas, ganhará, como sempre, o partido que possuir maior clientela e cujo líder mentir de forma mais convincente, Porque a dura realidade é que, tal como dizia Manuela Ferreira Leite, nenhum político alguma vez será eleito em Portugal se falar verdade. Sócrates vendeu ilusões em 2005 (Novas Oportunidades, Choque Tecnológico, etc) e ocultou o verdadeiro estado das finanças públicas em 2009. Pelo meio aumentou os salários dos funcionários públicos (que entretanto sofreram cortes) e desceu o IVA para 20% (que entretanto subiu para 23%). Em 2009, o PS não ganhou as eleições; foi o PSD que as perdeu em virtude da antipatia e ausência de carisma da sua líder. Com um novo líder que mais parece um upgrade de Sócrates, o PSD arrisca-se agora a que, à semelhança do que sucedeu em 2002, o poder lhe caia no colo. E desenganem-se todos os que pensam que a sua politica será muito diferente da do PS. O projeto de revisão constitucional apresentado pelo PSD há uns meses é decalcado do seu programa de governo, o que não augura nada de bom. Quando terminou o consulado de 10 anos do PSD de Cavaco também muitos exultaram para depois suspirarem por esse tempo...
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