Quem me conhece, sabe da minha paixão (há quem a classifique de obsessão) por banda-desenhada de super-heróis (vulgo comics) que me orgulho de colecionar desde 1988.
Da míriade de personagens fantásticas que povoam essas histórias e o meu imaginário, o Super-homem sempre foi o meu predileto. Por vários motivos que não explanarei hoje.
Foi portanto com pasmo e indignação que tomei conhecimento há dias que o Homem de Aço terá o seu visual drasticamente reformulado (leia-se arruinado).
Noticiava o “Correio da Manhã” na sua edição de 14 de Junho último que o Super-homem está em vias de perder a controversa tanga vermelha que usa sobre as calças. E digo controversa porque, ao longo dos anos, a mesma foi alvo de chacota por parte de alguns pobres de espírito que consideravam ridículo (e até amaricado) um homem adulto e superpoderoso vestir as cuecas por fora das calças.
Existe, com efeito, uma explicação muito prosaica para a utilização do lendário calção vermelho (era de um calção que se tratava originalmente) por cima dos collants azuis e prende-se com o não menos lendário puritanismo hipócrita dos norte-americanos.
Criado em 1933 (embora a sua primeira história apenas fosse publicada 5 anos depois na revista Action Comics nº1), a indumentária do último filho de Krypton foi inspirada nos fatos colantes usados pelos trapezistas. À luz dos padrões morais e culturais da época, não seria de todo aceitável que as partes pudibundas masculinas desfilassem livremente nas páginas de revistas lidas maioritariamente por crianças e adolescentes. A solução encontrada foi então vestir-lhe uns pudicos calções encarnados, de modo a não ferir suscetibilidades, o que se manteve até à atualidade.
Sobre estas e outras curiosidades relacionadas com a criação e evolução do krptoniano mais famoso do Universo voltarei a falar em artigos futuros.
Ainda segundo o “Correio da Manhã”, a nova imagem do Super-homem passaria, supostamente, por uma alteração do mundialmente conhecido símbolo que, em resultado de sucessivas reformulações, representa atualmente o seu brasão familiar kriptoniano. Como se tudo isso não bastasse, algumas imagens postas a circular na Internet mostram o Super-homem usando calças de ganga e t-shirt em vez do seu inconfundível uniforme. Contudo, manteria a sua esvoaçante capa vermelha, o que, a meu ver, apenas contribuiria para tornar ainda mais ridículo o seu novo visual.
De referir que esta não é a primeira vez que se lembram de revolucionar a imagem do Homem de Aço. Em 1998, alguém teve a ideia peregrina de lhe reformular os poderes, transformando-o numa criatura elétrica. Não satisfeitos, os editores quiseram levar ainda mais longe a transformação e dividiram o Super-homem em dois. Tínhamos assim um Super-homem azul e um Super-homem vermelho. Com personalidades opostas, cada uma dessas aberrações considerava ser o Super-homem genuíno.
Previsivelmente, esta abominação foi rejeitada pela esmagadora maioria dos leitores, pelo que não restou alternativa aos autores da ideia senão devolverem ao Homem de Aço o seu visual e poderes clássicos.
Tudo não terá passado de um golpe de marketing visando dar um novo impulso às vendas dos vários títulos de que o Super-homem dispõe nos EUA. O mesmo havia já sucedido com o episódio da sua “morte” e sequente ressurreição em 1992.
Espero portanto que tudo não passe de uma estratégia de marketing quando falta cerca de um ano para a estreia nos cinemas do novo filme do Homem de Aço estrelado pelo ator britânico Henry Carvill.
Os interessados podem ler a notícia do CM e ver uma imagem exclusiva do novo visual do Super-homem seguindo o link:
Antes de terminar, deixo aqui um apelo aos editores da DC: DEIXEM-SE DE IDEIAS DA TANGA!
O visual original de Superman em 1938. |
Superman Azul e Superman Vermelho : um eletrizante disparate. |
Em 1992, o Super-homem sucumbiu às mãos de Doomsday. |
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