sexta-feira, 26 de novembro de 2010

GREVE GERAL... MAS POUCO


Previsivelmente, a greve geral de 24 de Novembro redundou, quando muito, numa greve alargada da Função Pública acrescida da adesão residual do sector privado. Para este facto, sobejam explicações. De entre as quais destaco duas, uma de cariz económico outra de cariz cívico.
Economicamente, o motivo da fraca adesão por parte dos trabalhadores do sector privado à greve geral convocada pela CGTP e UGT explica-se pelo receio destes de sofrerem represálias por parte dos empregadores, as quais poderiam inclusivamente passar pelo despedimento (especialmente nos casos dos contratados a prazo ou a recibos verdes). Além do mais, face aos baixos salários praticados nesse sector e às actuais dificuldades económicas que muitas famílias atravessam, grande parte dos trabalhadores não se puderam dar ao luxo de prescindir de um dia de ordenado.Por outro lado, a ausência dos assalariados do sector privado da última greve geral explica-se pela ausência de consciência cívica dos mesmos ao considerarem que essa causa não é sua. Desde logo porque, até ao momento, estão imunes aos cortes salariais decretados no sector do Estado.
Esquecem-se, contudo, que as medidas de austeridade lançadas pelo Governo de um Bloco Central informal não se revestem de carácter provisório e também os afectarão. A última greve geral, com efeito, constituiu um movimento social de resistência à implementação de um política "austeritária" que representa um retrocesso societário e que lançará a economia portuguesa numa profunda recessão da qual resultará mais desemprego, maiores desigualdades e, portanto, mais pobreza e desesperança. Era por isso importante que, em Portugal como na França, houvesse solidariedade entre o proletariado de ambos os sectores pois a luta tem de ser comum. Infelizmente, ouvi depoimentos nos noticiários dos vários canais de TV que ilustram na perfeição o conformismo e a apatia de quem, apesar de explorado e sistematicamente espoliado dos seu direitos sociais, opta por não exercer um direito constitucionalmente consagrado e inalienável. Deixo aqui o exemplo de uma senhora que, entrevistada na véspera da paralisação, declarou: Acho que toda a gente devia fazer greve!" Questionada pelo jornalista se tencionava aderir à greve geral do dia seguinte, prontamente respondeu: "Não, porque respeito a minha empresa(!)." Palavras para quê?

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