quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CAIXA DE REMORSOS


Redemoínham sombras e recordações

na penumbra deste quarto despido

Fantasmas soltos numa dança frenética,

hipnótica e sem sentido

Lembranças erguendo-se qual imensa

fénix crepuscular cujas asas de fogo

cauterizam as chagas na minha alma


Sentado no chão entre retratos rasgados

despojos de uma outra vida

exorcizo os meus demónios interiores

solto a raiva incontida

que me devora as entranhas

e que me afastou de ti


Abro a minha caixa de remorsos

sob um gotejar de luz fria

fecho os olhos entre lágrimas

e recordo a tua presença fugidia

recordo o teu sorriso aberto

que foi alvorada no meu reino sombrio


Para a minha alma ferida

foste bálsamo e redenção

ajudaste-me a levantar do chão

vezes e vezes sem conta

Foste o sol que me aqueceu

Foste uma ilusão que se perdeu


Rasgo poemas escritos em segredo

palavras inúteis que nunca te direi

Como pudemos magoar-nos assim?

Cada dia mais perto do fim...

Não consegui calar a revolta

Deixei o amor escapar-me entres os dedos

como a areia que se escoa na ampulheta da Eternidade


Eterno será o meu remorso

perdurará à morte do próprio Tempo

será o meu imerecido epitáfio

quando zarpar num mar de trevas

para nunca mais voltar...

2 comentários:

  1. 2011 está a começar da melhor forma.

    Os meus parabéns, está muito bom. :)))

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  2. Grato pelo elogio ao meu mais recente devaneio poético. Prometo mais em breve. Gostaria também de ler as vossas participações mas parece que todos desertaram deste projeto com tantas potencialidades. Serei o único resistente? :(

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