NAÇÕES EXTINTAS: REPÚBLICA ÁRABE UNIDA

A bandeira da RAU ainda hoje é a da Síria.

      Algumas desmembraram-se, outras reunificaram-se, outras ainda apenas mudaram de nome. Algumas foram superpotências, outras eram tidas como impossíveis. Falo de nações que nasceram e morreram durante o século XX e que se perderam nas brumas da memória.

      Nesta nova rubrica - aberta à participação de todos os ilustres membros do blogue -pretendo dar a conhecer o essencial sobre a história e geografia desses países extintos e desconhecidos de grande parte das atuais gerações. Espero que seja do vosso agrado e que contribua para alargar um pouco mais a nossa cultura geral. Porque o saber não ocupa lugar e as nações também se abatem.

      O primeiro país desaparecido que hoje vos apresento existiu apenas durante três anos e federava o Egito e a Síria num projeto pan-arabista. Conheçam agora a ascensão e queda da República Árabe Unida (RAU).

      Estabelecida em 1 de fevereiro de 1958, a RAU nasceu da união política do Egito e da Síria e foi considerada o primeiro passo para construção de um nação pan-árabe que congregaria todos os país árabes.

     Tudo começou quando o regime sírio foi derrubado por comunistas e um grupo de militares e políticos sírios, preocupados com o destino do país, pediu ajuda ao Egito de Gamal Abdal Nasser.

     A RAU tinha como capital o Cairo e, a partir de 5 de fevereiro de 1958, Nasser como presidente. Conselheiros e técnicos egípcios estiveram ativos na Síria e a  ameaça comunista foi neutralizada.

Os presidentes sírio (esq.) e egípcio na cerimónia de assinatura.

     Ironicamente, a nova nação acabou por ser apadrinhada pela União Soviética (outras das nações extintas de que falarei aqui), precisamente aquela que mais receava. Desejosa de firmar novas alianças em plena Guerra Fria, a URSS começou a vender armamento à jovem república, prática que se manteria mesmo após o colapso da mesma.

     A RAU adotou uma bandeira baseada no estandarte do Egito, mas com duas estrelas ao centro, simbolizando as duas nações agora unidas. Ainda hoje a Síria mantém esta bandeira. A bandeira do Iraque também era semelhante, embora com três estrelas. O sonho de expansão da RAU começava assim a ganhar forma. Também a bandeira do Sudão (que recentemente se dividiu em dois) ostenta as faixas horizontais em vermelho, branco e preto, atestando o seu desejo de vir a integrar a RAU.

    Embora meramente simbólica, foi estabelecida uma confederação entre a RAU e o Iémen do Norte (outro case study de nações extintas) chamada Estados Árabes Unidos.

     O povo sírio começou, no entanto, a ficar descontente por ser governado a partir do longínquo Cairo e também porque os representantes da Síria que se haviam transferido para a capital egípcia se tinham desligado das bases. Acrescia a isto uma certa arrogância do Egito que, no fundo, considerava a Síria como uma colónia sua.

    Não é de estranhar portanto que a RAU tenha colapsado em 1961 na sequência de um golpe de estado levado a cabo em Damasco. Ainda assim, o Egito continuou a designar-se oficialmente República Árabe Unida até à morte de Nasser em 1970.

Localização geográfica da RAU.