Decidi falar hoje sobre o filme "O Corvo" (The Crow no original) não por ser uma obra-prima da 7ª arte nem por ser baseado numa obscura banda desenhada. Mas sim porque envolveu um episódio caricato quando tentei vê-lo no cinema e fui barrado à entrada por um zeloso funcionário do Casino da Figueira da Foz. O filme recebera a classificação de maiores de 18 anos em resultado da violência gráfica de algumas cenas e eu, à época, não passava de um miúdo de 16 anos. Embora me fizesse acompanhar de um amigo de maior idade, o sisudo funcionário em questão foi intransigente e não tive outro remédio senão trocar o bilhete e - para não dar o braço a torcer - ir ver o filme dos Flintstones, para gáudio do meu primo de 10 anos que integrava também a pandilha naquela malfadada epopeia cinéfila.
Claro que, poucos meses volvidos, não tive qualquer problema em alugar "O Corvo" num clube de vídeo e pude finalmente vê-lo no conforto do lar, sem correr o risco de ser novamente desviado para uma qualquer matiné infantil.
O enredo é sombrio e violento mas é também uma ode ao amor eterno. Tudo começa quando Eric Draven (Brandon Lee, filho do lendário Bruce Lee e que viria a morrer em circuntâncias misteriosas durante a rodagem do filme) e a sua noiva Shelly (Sophia Shinas) são brutalmente assassinados na Noite do Demónio, a noite que precede o Halloween. Um ano depois, Eric regressa do Além para vingar a sua morte e a da sua amada. Nessa sua jornada rumo ao mundo dos vivos, contou com a orientação de um misterioso corvo dotado de poderes místicos.
Inicialmente, Eric não tem quaisquer recordações da sua vida passada. Ao visitar, porém, o seu antigo apartamento, as suas memórias vêm à tona, assim como uma avassaladora dor causada pela perda de Shelly. Pintando o rosto com uma maquilhagem a fazer lembrar um palhaço sorridente e retorcido, Eric parte na peugada dos seus carrascos.
Um a um, os assassinos são mortos com requintes de sadismo (como na magistral cena em que Eric crava agulhas nos órgãos internos de um dos facínoras por ordem alfabética). Nessa sua jornada de vingança, conta com a cumplicidade do sargento Albrecht (Ernie Hudson) que tinha também velhas contas a ajustar com o chefão do crime conhecido por Top Dollar (Michael Wincott).
A realização de "O Corvo" ficou marcada pela insólita morte de Brandon Lee quando, numa cena de tiroteio, balas reais foram disparadas. Nunca se descobriu quem carregou a arma usada na cena com projéteis reais e por isso muitos especulam que não se tratou de um acidente.
Alex Proyas foi o realizador escolhido para dirigir este filme baseado na banda desenhada homónima de James O'Barr e segue a linha do universo lúgubre criado em 1989 por Tim Burton em "Batman". Com um orçamento de 6 milhões de dólares, "O Corvo" estreou nas salas de cinema em 1994 e obteve receitas mundiais de bilheteira de 94 milhões de dólares. Entre as várias curiosidades relacionadas com a produção da película, está a "nega" dada por Cameron Díaz quando foi sondada para o papel de Shelly. Na versão australiana, a palavra "fuck" foi censurada o que, dada a frequência com que é pronunciada ao longo dos 102 minutos do filme, deve ter dado uma canseira.
Se gostam de um bom filme de terror com muita ação à mistura e umas pitadinhas de romance lamechas, "O Corvo" é um clássico a (re)ver. Se são do tipo sensível que desmaia ao ver sangue ou chorou convulsivamente ao ver "Titanic", façam como a minha versão adolescente e vejam "Os Flintstones", "Os Smurfs" ou qualquer outra pessegada inócua.
Aqui fica o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=gA6GYAtvNcs
Quero ver :)
ResponderEliminarOs teus desejos são ordens, amorzinho... ;)
ResponderEliminarFico a aguardar :)
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