quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

NAÇÕES EXTINTAS: ZAIRE


     Entre 1971 e 1997 exisitiu, em pleno coração de África, um país chamado Zaire. A sua história, porém, inciara-se mais de uma década antes, em 1960, quando o antigo Congo Belga conquistou a sua independência.
     O período pós-independência caracterizou-se por uma forte instabilidade política em parte devido à divisão de poderes entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro.
     Em 1965, o tenente-general Joseph Desiré Mobutu, comandante-em-chefe do exército congolês, assumiu o controlo do país e autoproclamou-se presidente por um período de 5 anos. Mobutu passou assim a dominar a vida política da então República Democrática do Congo (designação adotada em 1964 para se distinguir da vizinha República do Congo, uma ex-colónia francesa) e levou a cabo uma reestruturação do Estado.
      No âmbito da política de autenticidade do início da década 1970, Mobutu rebatizou o país de Zaire a 27 de outubro de 1971. Zaire deriva do Português que, por sua vez, adaptara a palavra nzadi do dialeto Kikongo e que significa "o rio que engole rios". O próprio Mobutu mudou oficialmente o seu nome para Mobutu Sese Seko que pode ser traduzido por "o guerreiro conquistador que vai de triunfo em triunfo". Nascia assim o Mobutismo.
      A decisão de rebatizar o país não deixa de ser curiosa uma vez que a antiga designação oficial derivava tanto do rio Congo como do antigo império Kongo, ambos  pré-coloniais e com raízes africanas, ao passo que Zaire deriva de uma corruptela feita pelos portugueses da palavra nzadi.
      Mobutu obrigou ainda todos os habitantes do Zaire a adotarem nomes genuinamente africanos com o suposto propósito de se libertarem do passado colonial. Também as principais cidades do país foram rebatizadas, começando pela capital que deixou de se chamar Leopoldville (em homenagem ao rei Leopoldo II da Bélgica) para ser rebatizada de Kinshasa. Além disso, o zaire foi introduzido como nova moeda nacional, substituindo o franco.
      A despeito de algumas tensões durante as décadas seguintes (como a rebelião na província do Katanga em 1977/78) e da claudicante economia (não obstante as vastas riquezas naturais do país), o regime corrupto de Mobutu sobreviveu até mesmo à Guerra Fria.
     Segundo maior país da África subsariana com aproximadamente 2345 Km2, o Zaire contava 46,5 milhões de habitantes em 1996, ano que assinalaria o princípio do fim do país e do seu excêntrico ditador.
      As tensões étnicas no vizinho Ruanda  estenderam-se ao território zairense a partir de 1996. Os hutus ruandeses, aliados às forças armadas zairenses, perseguiram os tutsis refugiados no país. Estes formaram uma milícia para se defenderem dos ataques. Eclodia assim a Primeira Guerra do Congo.
      Logo acompanhada por vários grupos da oposição e apoiado por vários países - incluindo Ruanda e Uganda -  a coalização liderada por Laurent-Desiré Kabila averbou várias êxitos militares no início de 1997. Fracassadas as negociações de paz com Mobutu, este viu-se forçado a abandonar o país. Com a sua fuga, chegou ao fim o Zaire que seria entretanto rebatizado de República Democrática do Congo por Kabila que também se autoproclamou presidente.
     
     
    
  

3 comentários:

  1. Um pouco de cultura geral não faz mal a ninguém.

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  2. Diz isso aos estudantes universitários recentemente inquiridos pela revista Sábado que, entre outras pérolas, indicaram a Califórnia com capital dos Estados Unidos da América. ;)

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  3. Infelizmente esse é só um dos muitos exemplos de ignorância generalizada.
    E não é um mal exclusivo do Portuga.

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