sábado, 30 de julho de 2011

AVALIAÇÃO DOCENTE: NEGOCIAÇÃO TEM TUDO PARA DAR ERRADO

        Lavrei o seguinte comentário a propósito da notícia em epígrafe, publicada a 30 de julho de 2011 na edição online do jornal "i", a qual poderão ler integralmente em http://www.ionline.pt/conteudo/140334-avaliacao-docente-negociacao-tem-tudo-dar-errado.




     Somente os incautos ficarão supreendidos com o anunciado fracasso do processo negocial em curso visando a introdução de um modelo alternativo de avaliação docente. E o motivo é simples: a má fé dos sindicatos que representam uma classe profissional que ganha a vida a avaliar mas recusa perentoriamente ser avaliada. Se é verdade que o antigo modelo de avaliação era excessivamente burocrático e até pouco transparente, uma vez que cabia aos professores de um determinado agrupamento avaliarem os seu colegas, a verdade é que não me recordo de ter ouvido da parte dos professores ou dos respetivos sindicatos qualquer proposta alternativa que assegurasse uma avaliação mais rigorosa. Também neste ponto não é difícil perceber os reais motivos por detrás de tamanha intransigência. Em primeiro lugar, a consciência por parte da classe docente que, a ser implementado um sistema de avaliação rigoroso e transparente, sem margem para compadrios, assitiríamos a uma sangria nas escolas, tantos seriam os incompetentes postos a descoberto. Concordo por isso com a proposta do novo ministro da Educação de introduzir um exame obrigatório de acesso à carreira docente. Ter uma licenciatura não corresponde a ser dotado de vocação pedagógica.
      Todos nós, ao longo do nosso percurso escolar, tivemos, a par de excelentes professores, muitos maus profissionais que, não obstante serem habilitados para lecionar, eram incapazes de transmitir conhecimentos (que é, afinal, ao que se resume o trabalho de um professor). É por isso imperioso que se separe o trigo do joio através da introdução de quotas para as classificações mais altas. Portugal carece de uma cultura de mérito que premeie os bons e penalize os maus profissionais. Não me ocorre melhor sítio para começar do que a escola.Por outro lado, os professores, a despeito dos muitos problemas que afetam o nosso sistema de ensino público, ainda são uma classe profissional priveligiada que não está disposta a prescindir de muitas das benesses adquiridas ao longo de décadas. De entre todas, a mais aberrante e injusta era com certeza a progressão automática na carreira. A pouco mais de um mês do arranque do novo ano letivo, adivinha-se a continuação de uma guerra entre professores e ministério que já atravessou três tutelas e que ameaça voltar a comprometer o normal funcionamento das escolas. Neste fogo cruzado, os alunos são meros danos colaterais?

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